Ratos podem produzir vacina para malária em leite, diz estudo

A experiência seria uma prova de que animais podem ser utilizados na produção de vacinas baratas e eficientes. Caso o experimento também funcione em animais maiores, como por exemplo uma cabra, até 20 milhões de pessoas poderiam ser beneficiadas a cada ano com vacinas.

A Genzyme Transgenics Corp., de Framinhgham, Massachusetts, que trabalha em parceria com os cientistas, também já desenvolveu duas cabras modificadas que parecem produzir a proteína no leite.

"Uma vacina não pode ser apenas eficaz, precisa também ser produzida a baixo custo se tiver que ser utilizada nos países mais atingidos pela malária", disse Anthony Stowers, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, sigla em inglês para National Institute of Allergy and Infectious Diseases).

"Se isso funcionar, um rebanho de cabras poderia produzir vacina suficiente para a África inteira", destacou ele.

A malária, que mata 2,7 milhões de pessoas a cada ano, é causada por um parasita transmitido através da picada de um mosquito. Existem tratamentos, mas não vacinas, contra a doença.

A vacina da equipe de Stowers usa uma única proteína do parasita da malária e funcionou com macacos graças a ingredientes extras chamados de adjuvantes, que estimulam o sistema imunológico e são considerados perigosos para a aplicação em pessoas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 500 milhões de casos de malária apareçam a cada ano, 90 por cento deles na África.

Stowers, Louis Miller e os colegas do Niaid e da Genzyme criaram ratos geneticamente modificados para produzir uma pequena parte do parasita que causa a malária, o "Plasmodium falciparum", no leite. A proteína é conhecida como um antígeno, já que estimula os anticorpos no sistema imunológico para reconhecer e agir contra um intruso.

Os pesquisadores projetaram a ativação do gene parasitário pelas células que revestem as glândulas mamárias dos ratos. Dessa forma, as proteínas seriam secretadas no leite. Quando cinco macacos receberam a proteína dos ratos, quatro deles ficaram protegidos contra a malária, relataram os pesquisadores à revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

O próximo passo seria tentar a mesma experiência com cabras, que produzem mais leite que os ratos. Caso funcione, cada animal poderia ser uma fábrica de produção de vacinas.

Duas cabras com o gene do parasita já foram desenvolvidas pelos cientistas. "As cabras ainda são novas para lactar de forma natural, mas elas podem induzir a lactação por um período curto e já fizeram isso", destacou Stowers. Os animais, segundo o cientista, produziram a mesma quantidade de proteína dos ratos.

"Mais de 700 litros de leite podem ser produzidos por uma única cabra em um ano, com níveis potenciais que variam de uma a 10 gramas de proteína por litro de leite", escreveu a equipe. "Uma cabra que produz 700 litros de leite por ano poderia fornecer antígeno suficiente para vacinar 8,4 milhões de pessoas por ano. Dessa maneira, três cabras poderiam produzir vacina para 20 milhões de africanos em apenas um ano".

Pravda.Ru

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